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Robotista: Mão de obra qualificada inexistente no Brasil

 

A profissão


A profissão de robotista ainda não é regulamenta no Brasil, ainda assim é uma mão de obra escassa no país. Segundo Rogério Vitalli, o nome dado a esse profissional foi criado no chão de fábrica a partir de um jargão dado aos profissionais que atuam na indústria programando robôs. Apesar de não ser reconhecido, o engenheiro almeja que a regulamentação ocorra como aconteceu com a profissão de muqueiro. “O exemplo que eu dou é muito simples, existe o caminhão muque e o profissional que opera esse caminhão muque. Esse profissional não tinha piso nem nada, pois não era regulamentado. Hoje, ele é reconhecido: muqueiro”, exemplifica. O salário inicial de um técnico em mecatrônica gira em torno de R$ 2.500,00, enquanto o de um engenheiro mecatrônico, é, em média, de dez salários.

 

Além de tudo, é um mercado que permite rápida ascensão. Os cursos desenvolvidos pelo Instituto Avançado de Robótica [IAR] são voltados para setores com grande demanda tecnológica como mecatrônica, engenharia automotiva, construção, energia, petróleo e gás, mineração, TI e telecomunicações, entre outros.

 

Agora, a falta de capacitação nessa área reflete em erros gravíssimos nas montadoras, aponta Vitalli. “Estou cansado de ver meus amigos peritos da Alemanha, do Japão e dos Estados Unidos falarem – e eu sou obrigado a concordar: o brasileiro não sabe programar um robô, não conhece a estrutura de programação. Não conhece em um nível mais sofisticado”, lamenta. O resultado disso é o carro com a roda torta, eixo e tampa de veículos fabricados no Brasil com erros.

 

“É extremamente grave, mas isso não aparece, só aparece quando o defeito surge para o consumidor”, denuncia. Afirmações como essas são possíveis a partir do treinamento personalizado, realizado no último dia do programa para algumas turmas que se destacam. “Nós pedimos para os alunos trazerem os backups da programação dos robôs para os ajudarmos e para eles mostrarem e aplicarem o conhecimento que tiveram. Quando abrimos esse backup nos deparamos com toda lógica e toda programação com 20 a 30% de erros de lógica”, afirma.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Engenharia e Certificação


Embora o Ministério da Educação (MEC) não reconheça e certifique os cursos do IAR, isso também não está nos planos de Vitalli. “Queremos um reconhecimento internacional, pois como eu disse, o MEC não entende de mecatrônica e nós também não somos uma universidade, mas somos reconhecidos pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-SP). Nós somos, inclusive, homologados pelo nosso conselho a dar laudo técnico de NR-12”.

 

O engenheiro conta que o termo mecatrônica foi criado no chão de fábrica japonês, onde empresas conceituadas de tecnologia tinham especialistas em mecânica e em eletrônica, mas eles não conversavam entre si e isso trazia muitos problemas. “Os problemas que apareciam tinham demanda das duas áreas, tanto mecânica quanto eletrônica. O chão de fábrica japonês e as universidades criaram o conceito de mecatrônica juntos”. Isso funcionou, porque indústria e universidade abraçaram a problemática e se prepararam para criar uma mão de obra qualificada. “No Brasil, as universidades não entendem isso, porque o Governo não entende isso. Vou te mostrar isso com uma simples análise de como sai no diploma de faculdade de um engenheiro. Sai nele ‘Engenharia Mecâ- nica – Controle e Automação – Mecatrônica’. Eu falo para chamar a polícia, inclusive disse dentro do Ministério da Educação: isso é um crime! Eles estão misturando três engenharias”, salienta.

 

O perito continua: Engenharia de Controle e Automação é o que mais se assemelha à mecatrônica, mas não é mecatrônica – o próprio nome já diz, eu vou automatizar e depois vou controlar, é o profissional mais preparado para processos, para automação e periféricos, tipo garras, sensores, câmeras, dispositivos etc. Ao pé da letra, então, o que seria a mecatrônica? A união da mecânica, eletrônica e computação, criação de máquinas e desenvolvimento de dispositivos que controlam a produção. Vitalli lamenta que “controle” seja lecionado somente em nível básico, de forma mais avançada o aluno só encontra formação específica em cursos de pós-graduação. Além disso, as disciplinas de mecatrônica e de robótica estão dentro de “automação” e são ministradas ao fim do curso.

 

“O mecatrônico não precisa ser tão pontual em mecânica, nem tão pontual em eletrônica, mas tem que ser melhor em uma coisa que os dois não são: controle”.

 

“Alguns cursos de mecatrônica realmente programam robôs, estão preocupados com os números que ele gera. E, de fato, o mecatrônico deveria programar um robô, mas a maioria das universidades não tem robôs, porque custa caro e, quando tem, entra no curso no quarto ou quinto ano. O professor tem 60 horas para dar ao longo de seis meses e um robozinho didático para dividir com 100 alunos”, explica.

 

Mais informações: Manufatura em Foco

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Logo, tenho certeza, a profissão de robotista também será reconhecida e ela só não existe hoje, porque não tem gente qualificada”.

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